ele ligou da esquina perguntando se eu queria um refrigerante. e eu fui encontrá-lo lá. não queria mais que ele fosse até minha casa. era minha forma silenciosa de dizer que não o queria mais na minha vida.
na sorveteria ali pertinho, escolhi o mais esquisito dos sabores. aquele que em dias normais eu nunca me atreveria. 1 bola apenas. doce de leite com ameixa. uma massa acinzentada com pedaços roxos moles. eu já me sentia bastante indigesto só em ver. mas não queria guardar a lembrança daquele rompimento em um sorvete de chocolate ou creme com flocos.
nossa conversa não fluia. o que me fazia lembrar que era exatamente esse o motivo do rompimento. tínhamos silêncios angustiantes. ele parecia querer ser sempre salvo. e eu mal sabia do quê. nem se eu realmente queria ser o salvador. eu mesmo já ando tão perdido.
o sorvete derretia nos meus dedos. minhas palavras se derretiam no tempo. e ele se mantinha estático. imóvel. indiferente ao que acontecia. sem entender o que eu expressava. metáforas inúteis. ser direto é tão difícil. aquele silêncio chegando aos meus ouvidos tão sofrido.
pedi uma coca-cola. uma tentativa tola de colocar um pouco de gás naquele encontro. e, bem mais rápido que o sorvete, o líquido esquentava. aquela se tornou a lata de coca-cola mais duradoura de todas que já conheci. quisera meu vício que todas fossem como aquela. intermináveis. tão longa quanto aquela (falta de) conversa.
tentei me explicar. ele não conseguiu entender. eu não queria magoá-lo. não era minha intenção. eu não tinha raiva, afinal ele nada havia feito. literalmente. nada.
fui deixá-lo na parada de ônibus. demonstrando que a gente podia continuar se falando, se vendo. vamos manter contato.
ao subir no ônibus, o toque delicado, o beijo discreto, o piscar no olhar.
ele nada havia entendido.
eu teria que fazer tudo de novo.
na sorveteria ali pertinho, escolhi o mais esquisito dos sabores. aquele que em dias normais eu nunca me atreveria. 1 bola apenas. doce de leite com ameixa. uma massa acinzentada com pedaços roxos moles. eu já me sentia bastante indigesto só em ver. mas não queria guardar a lembrança daquele rompimento em um sorvete de chocolate ou creme com flocos.
nossa conversa não fluia. o que me fazia lembrar que era exatamente esse o motivo do rompimento. tínhamos silêncios angustiantes. ele parecia querer ser sempre salvo. e eu mal sabia do quê. nem se eu realmente queria ser o salvador. eu mesmo já ando tão perdido.
o sorvete derretia nos meus dedos. minhas palavras se derretiam no tempo. e ele se mantinha estático. imóvel. indiferente ao que acontecia. sem entender o que eu expressava. metáforas inúteis. ser direto é tão difícil. aquele silêncio chegando aos meus ouvidos tão sofrido.
pedi uma coca-cola. uma tentativa tola de colocar um pouco de gás naquele encontro. e, bem mais rápido que o sorvete, o líquido esquentava. aquela se tornou a lata de coca-cola mais duradoura de todas que já conheci. quisera meu vício que todas fossem como aquela. intermináveis. tão longa quanto aquela (falta de) conversa.
tentei me explicar. ele não conseguiu entender. eu não queria magoá-lo. não era minha intenção. eu não tinha raiva, afinal ele nada havia feito. literalmente. nada.
fui deixá-lo na parada de ônibus. demonstrando que a gente podia continuar se falando, se vendo. vamos manter contato.
ao subir no ônibus, o toque delicado, o beijo discreto, o piscar no olhar.
ele nada havia entendido.
eu teria que fazer tudo de novo.
2 comments:
ai que saudade eu tava de ler seus escritos.
,*
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